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Críticas, Em Sala 0

Mud (2012) de Jeff Nichols

De Carlos Natálio · Em 24 de Outubro, 2013

Jeff Nichols, natural do Arkansas, com apenas 34 anos, volta a mostrar com Mud (Fuga, 2012), sua terceira longa-metragem, a sua principal qualidade enquanto cineasta: a falta de cinismo. Em Shotgun Stories (Histórias de Caçadeiras, 2007), no seu estilo lento, por vezes truculento, Nichols narrava a certeza de um ódio familiar aos meios irmãos após a morte do pai. No seu filme seguinte, Take Shelter (Procurem Abrigo, 2011) era o pai de família, Michael Shannon, quem tinha a certeza apocalíptica da vinda de uma tempestade e por isso construíra para si e a sua família um abrigo. Em Mud, a certeza pertence à sua personagem homónima, desempenhada por Matthew McConaughey, refugiado (um outro abrigo) numa ilha do Mississippi a viver num barco no cimo de uma árvore. Que certeza é a sua? A de que a sua namorada Juniper (Reese Witherspoon) irá juntar-se a ele e ambos poderão partir de barco para longe dos que ameaçam o seu amor.

Se este idealismo surge incompleto e redondo, ele parece assinalar a marca do próprio romantismo da mise-en-scène de Nichols que, ao instalar-se num drama sulista sobre a adolescência, com raízes em Mark Twain, não se importa de pisar terrenos mais convencionais. Sobretudo na sua parte final, quando a evolução das personagens tem de redundar num desfecho concreto, à la Peckinpah (são palavras do realizador, não minhas). Mas enquanto não chegamos lá, é a certeza de Mud, a crença no amor, aquilo que cativa Ellis (Tye Sheridan) e o impele a ajudá-lo. Se o crescimento de Ellis, entre Holden Caulfield e Tom Sawyer, é feito sempre entre a destruição do barco onde vive com o pai e a mãe e a reconstrução do barco de Mud, entre a desagregação da sua família e a reunião desse seu “outro pai” com a sua amada, há uma linha ténue que é trabalhada pelo cineasta na relação entre os dois. A personagem de McConaughey é o pai, pela forma agradecida e compreensiva como vai estabelecendo a relação com o rapaz, mas também é a ameaça – há um lado sinistro que vai sendo construído com o medo das crianças a evocar a presença de Mitchum em The Night of the Hunter (A Sombra do Caçador, 1955).

Diga-se que Mud é o filme mais claro de Nichols. Clareza naquilo que significa filmar a sua própria casa, talvez as suas próprias experiências de adolescência. Nelas está a cor do Arkansas, o medo das cobras, o rio omnipresente, o ritmo sempre diário da aventura, mas também os motores, as peças de barco, os mergulhos, a violência escondida entre os pais. Deste retrato faz parte não só o sintoma visual da certeza de que falava – o extraordinário olhar adulto dos heróis do protagonista Tye Sheridan -, mas também um conjunto de secundários bastante comprometidos: o amigo de Ellis, Neckbone (Jacob Lofland), o seu tio (o sempre presente nos filmes de Mickols, Michael Shannon), o pai do homem que persegue Mud é Joe Don Baker [Cool Hand Luke (O Presidiário, 1967)] ou ainda Sam Shepard de Paris Texas (1984).

Tudo isto somado: a ideia de pureza, o romanesco solar, o crescimento das personagens, os actores como grupo de família, os exteriores livres, desculpam um argumento que por vezes se explica em demasia e justificam continuar a seguir Jeff Nichols como cineasta norte-americano “crente”. Ou isso é uma redundância?

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2010'sJeff NicholsJoe Don BakerMatthew McConaugheyMichael ShannonReese WitherspoonRobert MitchumSam PeckinpahTye SheridanWim Wenders

Carlos Natálio

«Keep reminding yourself of the way things are connected, of their relatedness. All things are implicated in one another and in sympathy with each other. This event is the consequence of some other one. Things push and pull on each other, and breathe together, and are one.» Marcus Aurelius

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Sem Comentários

  • Samuel Andrade (@sozekeyser) diz: 24 de Outubro, 2013 em 21:01

    Provavelmente, uma das obras mais robustas e completas a estrear, em 2013, em Portugal.

    Cumps cinéfilos.

    Inicie a sessão para responder
  • Joe (2013) de David Gordon Green | À pala de Walsh diz: 8 de Maio, 2014 em 13:36

    […] entre filhos e pais – e até partilham o mesmo actor, Tye Sheridan era um dos miúdos de Mud (Fuga, 2012) e é agora o Gary deste filme -, um mundo de tom distancia os dois realizadores. Onde […]

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