O que salta mais à vista olhando para este Palatorium? As divisões, pois claro. Veja-se, por exemplo, como os dois mais recentes filmes de Kechiche [Mektoub, My Love: Canto Uno (Mektoub, Meu Amor: Canto Primeiro, 2017)] e Petzold [Transit (2018)] vão de uma a cinco palas com alguma facilidade. O mais extremo continua a ser o caso de Lars von Trier e do seu The House that Jack Built (The House that Jack Built – A Casa de Jack, 2018), que gera reacções de asco e de fascínio (de zero a quatro palas). E o que dizer de outro polemista, Gaspar “leave it or love it” Noé? As reacções vão de zero a cinco. Como é que, face a isto, o À pala de Walsh funciona e somos todos amigos no final do dia? Bom senso e muito amor à diversidade, meus caros. Mesmo muito.
Onde está o consenso? Nas propostas mais clássicas, de Clint Eastwood [The Mule (Correio de Droga, 2019)], de Robert Redford [The Old Man & the Gun (2019) de David Lowery]. Nota ainda para o entusiasmo que se começa a formar, talvez inesperadamente, em torno do novo filme dos irmãos Coen. Os walshianos nutrem ainda uma especial simpatia pelo mal-amado Glass (2019), investida anti-heróica de M. Night Shyamalan contra Hollywood. Por fim, em jeito de coringa, classificamos a performance de Maduro: A conga do Maduro (2019). Avisamos: não ficámos excitados.
