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À pala de Walsh
Curtas Vila do Conde, Festivais 1

Curtas Vila do Conde 2017: desenhos da memória

De À pala de Walsh · Em 24 de Setembro, 2017

O texto seguinte foi produzido por Natália Azevedo, uma das participantes do 2.º Workshop Crítica de Cinema realizado durante o 25.º Curtas Vila do Conde – Festival Internacional de Cinema. Este workshop é formado por um conjunto de masterclasses e debates com convidados nacionais e internacionais, um deles a walshiana Sabrina D. Marques, e pela produção de textos críticos sobre os filmes exibidos durante o festival, que foram publicados, periodicamente, no site do Público, no blogue do Curtas Vila do Conde e agora aqui, no À Pala de Walsh.

Água Mole (2017) de Laura Gonçalves e Xá

Este ano, a presença do cinema de animação na Competição Nacional do Curtas Vila do Conde perfez um quarto dos filmes, uma medida bem saudável tendo em conta as adversidades de produzir cinema de animação em Portugal. Os espectadores do festival mostraram o seu entusiasmo particular com Surpresa (2017), a quem atribuíram o Prémio do Público, e com Água Mole (2017), que ficou com o segundo lugar na mesma votação. Estes filmes têm também obtido um impressionante sucesso internacional: Surpresa ganhou o Prémio de Melhor Argumento no festival Anima Mundi e Água Mole foi exibido na Quinzena dos Realizadores em Cannes. Se quatro filmes estiveram em competição, apenas duas produtoras estiveram representadas, nomeadamente a Bando à Parte e a Animais AVPL, ambas nomes reincidentes na programação do festival. A Bando à Parte, mais recente, produz também filmes de imagem real, enquanto a Animais AVPL se dedica totalmente à produção de animação. Água Mole e Das Gavetas Nascem Sons (2017) continuam a linha gráfica constante (dos filmes de animação) da Bando à Parte, com as suas cores pouco saturadas e texturas orgânicas, numa ambiência muito própria e sempre perto do desenho tradicional. Apesar de Surpresa e A Sonolenta (2017) se terem igualmente aproximado de uma estética analógica, a Animais AVPL apresenta, geralmente, uma mais vasta variedade de estilos e cunhos autorais, bem como uma maior expansão da paleta cromática.

A competição arrancou com a curta-metragem documental Água Mole, realizada por Laura Gonçalves e Xá (Alexandra Ramires). Embora seja o primeiro filme profissional de ambas, é uma evolução natural do trabalho das artistas, primando pelo virtuosismo do desenho na exploração do espaço e pelo uso apto da gravura. Marca, desde início, uma preocupação que ocupa todos os filmes de animação nesta competição: a conjugação entre as técnicas analógicas e as digitais. O título do filme tem um duplo sentido, pois não só se refere ao ditado popular “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, mas também ao método de gravura “água forte”. Assim, remete duplamente para o conceito de erosão, aqui usada como técnica de desenho. Este espírito conceptual habita todo o filme, que utiliza um método tradicional algo obsoleto para retratar as comunidades abandonadas ao esquecimento, e que aproveita as características e os acidentes naturais da gravura para representar o vento e a profundidade do espaço. O argumento de Água Mole parte da gravação de testemunhos reais e documenta o processo de desertificação do interior de Portugal, utilizando ilustrações simbólicas, metafóricas e até folclóricas para falar sobre um tema duramente verídico.

Surpresa, de Paulo Patrício, é um filme que também se assume como documental. Como Água Mole, parte da gravação não ensaiada ou escrita de testemunhos reais, mas segue um registo mais íntimo e menos sério. A história, bastante triste, é contada de uma forma alegre e desprendida, escolha esta que tem provado ser de sucesso. Uma criança e a sua mãe partilham memórias da luta contra um cancro que afetara a menina. No entanto, a conjugação do analógico com o digital prova-se mais forçada, sempre apelando ao universo do desenho, da tinta e do papel, mas de uma forma desajustadamente digital. Aproxima-se, no início, do universo da kinectic typography, e lembra, nos seus melhores momentos, outras produções da Animais AVPL, visualmente mais bem conseguidas. A parte final é a mais estimulante, assumindo a estética do desenho infantil e desafiando o espaço da tela, intenções que Paulo Patrício parece ter desde o começo, mas que são nesse momento exploradas de uma forma mais radical. Paulo Patrício realiza, com Surpresa, a sua primeira curta metragem, depois de criar dois pilotos para uma série televisiva em 2011, também com a Animais AVPL. Um artista versátil, Paulo Patrício tem alternado entre a escrita, o desenho, a performance, o design e a realização, mantendo sempre o interesse por contar histórias.

A qualidade gráfica de Marta Monteiro em A Sonolenta é irrepreensível. A autora tem tido uma prolífica carreira no campo da ilustração, com clientes como o New York Times e a Vogue US, e esta é a sua segunda curta metragem, depois de Independência de Espírito, produzida pelo estúdio Sardinha em Lata em 2011. Em A Sonolenta, o seu domínio da linha e da pincelada, que mesmo sendo digital mantém uma plasticidade muito orgânica e bem conseguida, realiza-se em composições e imagens lindíssimas. Marta Monteiro adapta a obra de Anton Chekhov sobre uma jovem criada, a cargo de quem está o bebé dos seus senhores. Se o conto não é narrado, o filme fica ainda muito perto de ser ilustrativo do material original. Resta pensar se um filme ser como um livro ilustrado pode ser apontado como um defeito ou apenas uma característica.

Das Gavetas Nascem Sons (2017) de Vitor Hugo

Com Das Gavetas Nascem Sons, Vitor Hugo fecha o ciclo de animações do Curtas. A única obra na Competição Nacional que faz uso da técnica do stop-motion (embora haja um apontamento de imagem real em Surpresa), Das Gavetas Nascem Sons combina um cenário montado de gavetas com as imagens nostálgicas do jogo e do tempo. Também aqui a pintura digital se aproxima do analógico, mas em vez de emular a tinta, como A Sonolenta e Surpresa, a sua textura remete para a corporalidade da madeira. Assim, sentimos que estamos sempre dentro das gavetas de Vitor Hugo e, no entanto, vivemos uma transição de espaços surreal, como num sonho. Um paralelo interessante com A Sonolenta, onde sentíramos estar dentro de um livro de contos, mas numa mesma transição onírica de espaços. Vitor Hugo, como Laura Gonçalves e Xá, tem colaborado em vários filmes do Bando à Parte, mas esta é a primeira vez que surge como realizador neste estúdio. Em 2009 realizou o videoclipe Airport Tunnel para os Olivetreedance, onde já se adivinhavam as cores, os padrões e a exploração do espaço de Das Gavetas Nascem Sons, bem como o seu interesse pela música e o som na animação.

A memória, como tema, banha todos os filmes desta seleção. A nostalgia de outros tempos, e da infância, alia-se à necessidade de recuperar métodos de desenho e pintura tradicionais. Ainda assim, e como de costume, a inevitabilidade da independência do cinema português traduz-se em filmes ímpares e inventivos. Se há um apego ao passado, este nunca chega a aborrecer, tendo em conta a variedade de estilos e de registos, uns mais felizes no seu reviver das técnicas tradicionais. Poder-se-á dizer que estes realizadores são maioritariamente artistas visuais. O uso recorrente da animação como ilustração das palavras de outros (registo áudio e documental de testemunhos não ficcionais; adaptação de material literário já existente) deixa-nos na expectativa de ver o que poderia ser feito com mais argumentos originais na área da animação em Portugal.

Natália Azevedo

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1 Comentário

  • Estados Gerais: “O cinema em Portugal é uma arte burguesa, para não dizer aristocrática” | À pala de Walsh diz: 17 de Abril, 2018 em 17:51

    […] Mas o certo é que, além da França, Portugal era o único país com dois filmes, o outro era o Água Mole (2017), numa selecção de 10. E em Berlim, nesse ano, num selecção de vinte, tinha quatro […]

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