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Lady from Chungking (1942) de William Nigh

De Helena Ferreira · Em 19 de Maio, 2013

Escrevemos aqui recentemente sobre China Sky (Sob o Celeste Império, 1945) de Ray Enright, e a raridade sobre a qual nos debruçamos agora como que rima com esse filme. Lady from Chungking (1942) é também um filme de ficção americano sobre a China e com objectivos claros de propaganda durante a Segunda Guerra Mundial. Mas desta vez há duas grande diferenças: o papel de “salvadores” é dos chineses, sendo as figuras americanas secundárias e retratadas como estando em apuros (embora de importância chave para a vitória final) e, sobretudo, a figura central é uma mulher e é interpretada por uma sino-americana, a mais famosa de todas as actrizes sino-americanas de Hollywood clássica, Anna May Wong.

Lady from Chungking é Anna May Wong em todos os aspectos. A personagem que dá título ao filme é a que encarna e, no limite, todo o filme é sustentado por Wong e impregnado das suas convicções. No início dos anos 1930, a actriz fora uma voz crítica nos Estados Unidos dos avanços japoneses na China e, após a entrada dos EUA no conflito mundial, em 1941, participou em actividades de propaganda e recolha de fundos. Tanto em Lady from Chungking como no filme do ano seguinte, Bombs Over Burma (1943), Anna May Wong encarnou heroínas da resistência chinesa, doou o salário e leiloou o seu guarda-fato para ajudar a China.

Apesar da dedicação de Wong, Lady from Chungking está longe de ser marcante. Aliás, interrogamo-nos mesmo sobre quem se deixou envolver por um retrato tão maniqueísta em termos de argumento, deficiente em termos de interpretação (excepto Wong, claro) e pobre em termos cinematográficos. Lady from Chungking é um filme série B da Producers Releasing Corporation [de onde saíram alguns filmes de culto como Detour (Desvio, 1945) de Edgar G. Ulmer] que se vê hoje como um artefacto do seu tempo mas cuja graça involuntária (houve momentos em que a nossa mente divagou até os airmen da série britânica ‘Allo ‘Allo e o gerente de hotel de Fawlty Towers!) trai o seu propósito mobilizador.

Filmado certamente com um baixíssimo orçamento, o filme de William Nigh passa-se algures na China ocupada pelos japoneses. Um grupo de resistentes liderado por Madame Kwan Mei (Anna May Wong), uma misteriosa guerrilheira disfarçada de camponesa, planeia uma operação de apoio a dois pilotos americanos dos “Flying Tigers” (um ferido e outro preso) e de espionagem do general japonês Kaimura, que Kwan Mei irá seduzir. No meio, há um gerente de hotel alemão que negoceia com todos e uma russa de lealdade duvidosa. Todos, no entanto, são caricaturais ao ponto do ridículo e falam com um sotaque very american que quase dificulta a compreensão da nacionalidade das personagens. À excepção de Anna May Wong e alguns secundários e figurantes, as figuras principais são, de facto, interpretadas por americanos – Harold Huber como general Kaimura não parecendo sequer ter beneficiado de grande caracterização para tentar parecer japonês. Ninguém está particularmente inspirado no filme, que não tira partido das potencialidades dos (limitados) espaços onde se desenrola. Uma cena como a da execução dos camponeses mais velhos poderia ter sido um grande momento de cinema, mas só o rosto de Anna May Wong consegue sugerir o que poderia ter sido, um rosto que é mais cinema nos segundos em que surge do que tudo o resto ali, um rosto de cinema mudo à espera que este filme sonoro saiba reconhecer a primazia da imagem.

Anna May Wong mantém em todo o filme uma aura de distância curiosa que a afasta dos seus pares mas, ao mesmo tempo, do próprio objectivo do filme de envolver o espectador na sua mensagem. O seu ar de desencanto em algumas cenas deixa a dúvida se não será também desapontamento pela fraqueza das suas deixas e dos seus colegas actores. Uma excepção é o apoteótico final, em que Madame Kwan Mei aparece numa sobreposição como fantasma (!), após ter sido executada pelos soldados japoneses, num discurso de apoio à China, cuja alma nem “um milhão de mortes” podia matar, e cuja libertação chegaria em breve. É uma cena poderosa, tanto na imagem como na palavra, que redime a anedótica cena do ferimento do general que a precede.

Lady from Chungking está bem longe da qualidade de outros filmes onde Anna May Wong participou, do magnífico Piccadilly (1929) de Ewald André Dupont ao icónico Shanghai Express (O Expresso de Xangai, 1932) de Josef von Sternberg, embora a sua Kwan Mei não destoe das figuras trágicas a que ficou associada.

Fora Anna May Wong, há poucas razões para redescobrir Lady from Chungking, além do interesse histórico que tem toda a propaganda, até a menos conseguida em termos artísticos.

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Helena Ferreira

“Maybe, too, the screen was really a screen. It screened us... from the world” (The Dreamers)

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