Muito provavelmente, este foi o mês mais convulso na história da democracia portuguesa. A narrativa teve tantos twists e contra-twists que mais parecia ter sido realizada por David Mamet. Mas não, esta foi uma realização conjunta, assinada por ilustres ilusionistas da pequena “lanterna mágica”: Vítor Gaspar, Paulo Portas, Pedro Passos Coelho, António José Seguro e Cavaco Silva. Todos eles tiveram os seus vários minutos de fama às custas do circo montado, um espectáculo que tornou a actualidade internacional em algo terrivelmente sério e chato. E ainda dizem que não há indústria no cinema português: ela é posta em marcha, em todas as suas convenções e clichés, no palco da política!
O caos reina

Antichrist (O Anticristo, 2009) de Lars von Trier. A fantástica senhora raposa que anuncia a catástrofe

A demissão do ministro das finanças, Vítor Gaspar, leva à demissão, no dia seguinte, do ministro dos negócios estrangeiros, Paulo Portas
Confettis
O jogo das cadeiras: quem irá bater com o rabo no chão
Ouvir o povo

Depois do chumbo da moção de censura ao governo, um popular manifesta a sua indignação lançando o seu sapato para o hemiciclo
Como pôr a garotada na ordem?

Num discurso à nação, o Presidente Cavaco Silva pede aos principais partidos da Assembleia para se entenderem numa solução governativa para o país
Be kind, rewind

Funny Games (Brincadeiras Perigosas, 1997) de Michael Haneke – a certa altura o filme é rebobinado e continua a trama de um ponto anterior
Microalgas: leve comichão
The perfect daymare

Dracula: Dead and Loving It (Dacula: Morto Mas Contente!, 1995) de Mel Brooks. O Conde Drácula tem um “daymare” em que passeia alegre no parque, julgando que o sol já não lhe fará mal…
A revolução que morreu duas vezes
You shall not land

The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring (O Senhor dos Anéis – A Irmandade do Anel, 2001) de Peter Jackson
Programa de enquadramento
God’s eye view
(Drag) Queen

A rainha Elizabeth aprova a propota de lei do parlamento inglês que permite os casamentos homossexuais

The Adventures of Priscilla, Queen of the Desert (Pricilla, Rainha do Deserto, 1994) de Stephan Elliott
Oh tempo, volta para trás
Que bebé tão lindo
Luís Mendonça e Ricardo Vieira Lisboa
1 Comentário
Fantástico. Portugal no seu melhor, ou no pior, tanto faz. A realidade desafia o mais talentoso cineasta. Artistas é só escolher, dá para todos os géneros mas sobretudo para comédia que é aquilo que os nossos dirigentes políticos mais aptidão mostram. Mas que também pode ser um filme de terror, um drama dos antigos. Pobre Povo, que nunca se livrou de uma verdade atroz e cada dia mais negra: “Sempre fomos um País de bananas, governado por sacanas”. Afinal o que esperamos? Todos somos “cidadões”. Cavaco dixit.