Se o título Bir zamanlar Anadolu’da (Era Uma Vez na Anatólia, 2011) remete para o clássico início de um conto de fadas, esta é uma história onde sobressaem pequenos momentos de poesia, por entre a monotonia que evoca o extenuante vazio do quotidiano, mas que acaba por desabar perante o peso da trágica realidade à sua volta. O filme, que acompanha uma noite de investigação policial metódica, na tentativa de solucionar um crime, é um pretexto para um exercício existencialista. As pequenas pistas que vão surgindo para solucionar o crime, avanços subtis que evocam a atenção constante do espectador para a possibilidade de uma conclusão, acabam por revelar traços das personagens envolvidas, e delinear os dilemas morais que esperam por uma resolução.
O presente texto foi publicado no livro de compilação O Cinema Não Morreu – Crítica e Cinefilia À pala de Walsh. Pode adquiri-lo junto da editora Linha de Sombra, na respectiva livraria (na Cinemateca Portuguesa), e em livrarias seleccionadas.