• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
    • Diálogos (com Estado da Arte)
    • 10 anos, 10 filmes
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Entre o granito e o arco-íris
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Do álbum que me coube em sorte
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Se Confinado Um Espectador
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Body Double
    • Caderneta de Cromos
    • Conversas à Pala
    • Crítica Epistolar
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Sopa de Planos
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Actualidades
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Noutras Salas 0

It’s All True (1942) de Orson Welles

De Samuel Andrade · Em 12 de Fevereiro, 2019

Em 1942, ainda “fresco” do sucesso de Citizen Kane (O Mundo a Seus Pés, 1941) e logo após a conclusão das filmagens de The Magnificent Ambersons (O Quarto Mandamento, 1942), Orson Welles aceitou uma comissão da RKO (segundo algumas fontes, uma decisão com mais motivações políticas do que artísticas) para realizar, na América do Sul, um filme que destacasse positivamente a região. Mesclando a ficção e o documentário, Welles concebeu, assim, It’s All True: um tríptico composto por segmentos originalmente intitulados de “My Friend Bonito”, “Carnaval” e “Jangadeiros”, e que ficou inacabado.

It’s All True (1942) de Orson Welles

A história da sua rodagem – uma genuína “série de infelizes eventos” – foi reportada no documentário, de Bill Krohn e Richard Wilson, It’s All True: Based on an Unfinished Film by Orson Welles (1993). Graças a este título, uma franja considerável de espectadores contemporâneos pode admirar o trabalho desenvolvido por Welles na América do Sul e, particularmente, o resultado do contacto do cineasta com a comunidade piscatória de Fortaleza para “Jangadeiros”; definitivamente, pela sua composição formal (que contou, aliás, com o trabalho de câmara de Joseph Biroc) e face ao que sobreviveu até aos nossos dias, o segmento com maior potencial criativo do filme.

Cinema e sobrenatural, dois pólos que sempre encontraram particular atracção no grande ecrã. Mas com Orson Welles, essa dicotomia ecoava aparentemente no mundo real, alcançava veracidade e plausibilidade sem limites.

Assim, revela-se impossível falar de It’s All True sem referir as diversas atribulações – logísticas, financeiras e, até, de cariz “sobrenatural” – que recaíram sobre Orson Welles para a sua produção. Durante as rodagens no Brasil, e devido à reestruturação administrativa da RKO em 1942, Welles não só ficou sem o direito ao final cut de The Magnificent Ambersons, como viu ser-lhe cortado o financiamento para concluir o seu “projecto brasileiro”. Circunstâncias que, de forma duradoira, pareceram determinar toda a carreira de Orson Welles a partir daquele momento.

Orson Welles, Cursed in Brazil – eis um potencial título para uma biografia do realizador. Na verdade, e por diversas ocasiões, Welles falou dos irremediáveis efeitos da rodagem de It’s All True para o seu percurso artístico. O facto de as imagens filmadas estarem distantes do postal turístico do Brasil que tanto a RKO, como o próprio ditador Getúlio Vargas, esperariam, não ajudou à causa de Welles; muito depressa, o rótulo de autor imprevisível ficaria colado ao seu nome.

It’s All True (1942) de Orson Welles

Consequentemente, Orson Welles perdeu também o controlo sobre a própria película do filme, muita dela em Technicolor que não chegou a ser revelada, a qual acabaria por ficar armazenada nos cofres da RKO durante décadas ou, como num incidente nos finais dos anos 60 que causa particular arrepio, literalmente atirada para o fundo do Oceano Pacífico, de forma a evitar possíveis acções em tribunal por parte de intervenientes captados, em 1942, pela objectiva de Welles.

Não obstante essas várias circunstâncias, o mais fascinante em torno de It’s All True — e que, para o cinéfilo mais crente, poderá constituir original tema de estudo — reside na convicção, alimentada por Orson Welles, de que as atribulações, projectos incompletos e várias desconfianças que sentiu até ao fim da sua vida, se deveram à maldição que lhe foi lançada por não ter levado o filme a bom porto. Em 1955, para o programa da BBC Orson Welles’ Sketch Book, o cineasta era peremptório — num registo com tanto de sincero como de teatro à la Guerra dos Mundos radiofónica — ao falar da maldição que um feiticeiro vudu, ofendido pela notícia de que It’s All True não iria ser terminado, lhe terá lançado: “And I came back to the office, and found that the [voodoo] doctor had gone, having been told that the deal was completely off. And on my desk, in a script of the film, was a long, steel needle. It had been driven entirely through the script. And to the needle was attached a length of red wool. This was the mark of the voodoo”.

It’s All True (1942) de Orson Welles

Cinema e sobrenatural, dois pólos que sempre encontraram particular atracção no grande ecrã. Mas com Orson Welles, essa dicotomia ecoava aparentemente no mundo real, alcançava veracidade e plausibilidade sem limites. Se não foi “maldição”, haverá outra circunstância que explique o rol de filmes inacabados e/ou perdidos — Don Quixote (1957-1969), The Heroine (1967), The Dreamers (1980-1982), o próprio The Other Side of the Wind(2018) — que grassa na obra de um dos talentos mais únicos de Hollywood?

Para todos os efeitos (e nosso deleite), sobreviveu material considerável de It’s All True, o que não só permite a progressiva apreciação crítica e académica em torno da obra de Orson Welles, como incentiva a exigência em relação aos muitos metros de película que, nos cofres de nitrato da UCLA, ainda aguardam revelação, preservação e exibição.

It’s All True será exibido no dia 12 de Fevereiro, às 21h15, no Fila K Cineclube na Escola Superior de Educação de Coimbra.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
1940'sJoseph BirocOrson Welles

Samuel Andrade

Just an analog guy living in a digital world.

Artigos relacionados

  • Contra-campo

    “Aftersun”: a tensão suave da memória

  • Cinema em Casa

    “Time to Love”: amor, um caminho interior

  • Críticas

    “Saute ma ville”, “La Chambre” e “Portrait d’une paresseuse”: a casa-retrato de Chantal Akerman

Sem Comentários

Deixe uma resposta

Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

Últimas

  • “Aftersun”: a tensão suave da memória

    1 de Fevereiro, 2023
  • “Time to Love”: amor, um caminho interior

    31 de Janeiro, 2023
  • Apocalypse Now: as portas da percepção

    30 de Janeiro, 2023
  • A medida das coisas

    26 de Janeiro, 2023
  • “Saute ma ville”, “La Chambre” e “Portrait d’une paresseuse”: a casa-retrato de Chantal Akerman

    25 de Janeiro, 2023
  • “Terrifier 2”: ‘gore, gore, gore’

    24 de Janeiro, 2023
  • O sol a sombra a cal

    23 de Janeiro, 2023
  • “Ar Condicionado”: a potência do incerto

    18 de Janeiro, 2023
  • “The Bad and the Beautiful”: sob o feitiço de Hollywood, sobre o feitiço de Hollywood 

    17 de Janeiro, 2023
  • Três curtas portuguesas à porta dos Oscars

    16 de Janeiro, 2023
  • “Barbarian”: quando o terror é, afinal, uma sátira contemporânea

    13 de Janeiro, 2023
  • “Frágil”: apontamentos sobre o cinema da amizade

    11 de Janeiro, 2023
  • “Broker”: ‘babylifters’

    10 de Janeiro, 2023
  • Vamos ouvir mais uma vez: está tudo bem (só que não)

    9 de Janeiro, 2023
  • “Vendredi soir”: febre de sexta-feira à noite

    5 de Janeiro, 2023
  • Quem Somos
  • Colaboradores
  • Newsletter

À Pala de Walsh

No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

apaladewalsh@gmail.com

Últimas

  • “Aftersun”: a tensão suave da memória

    1 de Fevereiro, 2023
  • “Time to Love”: amor, um caminho interior

    31 de Janeiro, 2023
  • Apocalypse Now: as portas da percepção

    30 de Janeiro, 2023
  • A medida das coisas

    26 de Janeiro, 2023
  • “Saute ma ville”, “La Chambre” e “Portrait d’une paresseuse”: a casa-retrato de Chantal Akerman

    25 de Janeiro, 2023

Etiquetas

1970's 2010's 2020's Alfred Hitchcock François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João Bénard da Costa Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson

Categorias

Arquivo

Pesquisar

© 2021 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.